Burden - A redenção (2018)

26-07-2020

Lição moral e vitória dos valores mais puros e altruístas. Todas as personagens têm de lutar contra os seus fantasmas, superar obstáculos que só com firmeza e coragem o conseguirão fazer.

Título Original: Burden
Realizador: Andrew Heckler
Actores: Andrea Riseborough, Garrett Hedlund, Forest Whitaker
País: EUA
Ano: 2018

Sinopse:

Mike é um órfão que foi criado no seio do Klu Klux Klan. Um dia, apaixona-se e a namorada dele tenta mudar a sua vida para melhor, convencendo-a a abandonar o grupo supremacista branco a que sempre pertenceu. Mas não é assim tão simples: o KKK persegue-o e ele vê-se obrigado a refugiar-se numa igreja batista negra.

Opinião:

Esta história, baseada em factos verídicos, acompanha um jovem rapaz e o seu percurso de redenção. É uma metamorfose no seu estado mais puro que se materializa nos atos dos que o ajudaram de forma genuína, livre de preconceitos, com base na coragem e no amor que está presente na essência mais pura do ser humano.

O tema é polémico e atual. Apesar da narrativa se situar em 1996, é da maior importância que as gerações mais jovens sintam a necessidade de refletir sobre o mundo em que querem viver. Questionam-se os valores morais e de conduta, o certo, o errado, o que é justo. Salienta-se a importância de viver em sociedade com respeito pelas diferenças, canalizando a opressão e o ódio.

Forest Whitaker em "Burden" (2018)

É uma lição moral, uma vitória dos valores mais puros e altruístas. Todas as personagens têm de lutar contra os seus fantasmas, superar obstáculos que só com firmeza e coragem o conseguirão fazer.
Todo o filme é direto, com detalhes que fazem o espetador ter acesso às diferentes perspetivas, desde os modos de estar às realidades socioculturais.

Não é só o jovem rapaz que tem lutar para destruir as raízes do extremismo doentio que lhe povoam a alma (incutidas de forma manipuladora desde criança), mas também o Reverendo Kennedy que, como defensor de ideais da paz e liberdade, deixa também claro que o ser humano não é perfeito. Ele próprio se confronta com isso. Ao mesmo tempo tem a crença de que a conduta digna e fiel aos princípios mais humanistas pode realmente fazer a diferença.
A rapariga, jovem mãe, é uma figura central, o elo da ligação entre duas realidades distintas que vão eclodindo ao longo da história. O filho do reverendo é outro bom exemplo. Rebelde mas fiel aos princípios e valores incutidos pela sua família. Também ele se encontra numa luta interior, caracterizada visualmente pela expressão melancólica e inocente que habita constantemente o seu olhar.

Forest Whitaker e Crystal Fox em "Burden" (2018)

A nível artístico o filme supera qualquer expectativa. Os cenários e guarda-roupa estão de acordo com os anos 90, se bem como a banda sonora, com destaque para a inconfundível voz de um dos ícones daquela geração, Eddie Vedder dos Pearl Jam. E realmente está presente aquela mística daqueles anos, o toque grunge, o grito de uma nova geração que estava a encarar o mundo prestes a entrar no novo século (ainda com tanto para evoluir). As vivências eram diferentes, não existiam redes sociais e os telemóveis eram inacessíveis para grande parte da população mundial. E permitam-me dizer que, na minha opinião pessoal, existia uma forma de conduta mais honrada e menos egocêntrica. Esse pormenor faz com que a metamorfose do personagem principal seja possível.

Garrett Hedlund e Andrea Riseborough em "Burden" (2018)

Sim, há momentos de desespero, de frustração, de violência e malícia. Mas, tal como a verdadeira história que deu origem a este filme, os valores da liberdade, igualdade, justiça, saíram vencedores. E a História já nos ensinou por muitas vezes que o bem triunfa, independentemente da força avassaladora que o mal possa exercer sobre alguém, sociedade ou mundo.