Um pedaço de História

03-07-2020

Esta edição da obra LES TROIS MOUSQUETAIRES de Alexandre Dumas foi editada em Paris (e também foi de lá que veio ter comigo), pela editora DUFOUR, MULAT ET BOULANGER, 1861.

É como estar a segurar um pedaço de História. E dou comigo a pensar... 1861... século XIX... impossível não ligar este ano com o início da Guerra Civil Americana. Um ano antes, Abraham Lincoln tinha sido eleito presidente dos EUA e passados uns meses este livro estava a ser publicado em França!

A obra original escrita em francês é uma leitura fantástica e que nos aproxima ainda mais do autor. Nesta edição, o ano de começo da história é o de "1626". Por norma, nas versões mais recentes, a história começa em 1625. Penso que Alexandre Dumas terá mudado esse pormenor em edições posteriores por questões de rigor histórico.

É um livro ilustrado pelos artistas Vivant Beaucé, Adolphe Gusman e Jean Jahyer, que presenteiam o leitor com imagens fiéis ao imaginário de Dumas. Uma das primeiras, ilustra D'artagnan, o herói da obra, montado no seu velho e fiel cavalo, um dos presentes do seu pai para a sua viagem para Paris. O cavalo, como podem ver, é tal e qual como a versão que os criadores do Dartacão apresentam.

Os mosqueteiros estão muito bem representados, à exceção da interpretação de D'artagnan, por Vivant Beaucé e Adolphe Gusman. Na minha opinião, está muito caricaturado. O D'artagnan de Dumas é um pouco diferente, mais parecido com as poucas ilustrações de Jean Jahyer. Foi algo que anos depois, nos finais do século XIX, foi corrigido com as novas ilustrações de Maurice Leloir.

Já a ilustração do Cardeal de Richelieu está soberba. É exatamente assim que Dumas o descreve e o desenvolve. Inteligente, manipulador, implacável, mas com um sentido humanista que lhe dá uma grande dimensão à sua personalidade. E Beaucé retrata-o mesmo assim, com o pormenor dos seus gatos e também da famosa carta-branca que ele escreve à vilã Milady de Winter.

Cardeal de Richelieu
Cardeal de Richelieu
A sedução de Milady
A sedução de Milady

Para além disso, há aqui também gravuras mais arrojadas para a época, com destaque para a sedução de Milady a Felton, o homem de confiança de Lord de Winter (em muitas versões, do Duque de Buckingham).

A Milady é uma figura central da obra. Partilha um passado misterioso com um dos mosqueteiros e é sem dúvida a grande inimiga dos quatro heróis. Os ilustradores não deixaram de destacar esses pormenores à medida que foram desenvolvendo as gravuras.

Considero esta edição um pequeno tesouro e passa agora a ser o livro mais antigo que tenho na minha biblioteca. Até agora esse destaque ia para uma edição dos finais do século XIX de A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne, outro grande escritor. 

Francisco Silva © 2020 
© 2023 Francisco Silva
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